terça-feira, 28 de setembro de 2010

Enredo do livro:O crime do padre Amaro - Eça de Queiroz


ENREDO DA OBRA "O CRIME DO PADRE AMARO
O pároco de Leiria, José Miguéis, falece num Domingo de Páscoa. Dois meses depois Amaro Vieira é nomeado para substituí-lo. Somente seu antigo mestre de moral, o cônego Dias, conhece-o na cidade.

Visando seu próprio interesse, Dias hospeda Amaro na residência de S. Joaneira, para cujo sustento contribui. Com isto passa a economizar algum dinheiro.

Amaro, que chegou a Leiria em agosto, é jovem e bem aparentado. Em sua nova residência conhece Amélia, filha de S. Joaneira. Ela é jovem, bonita e sensual. Logo desperta o interesse do padre.

A exemplo dos outros eclesiásticos de Leiria, Amaro também gosta de uma vida farta. Pratos saborosos, vinhos de boa safra, roupas finas e outras comodidades excitam o pároco.

Instalado na casa de S. Joaneira, Amaro começa a reparar mais e mais nos dotes de Amélia e aproxima-se dela. Vê a moça em roupas de baixo, troca olhares apaixonados com ela, tocam-se sob a mesa, beija-a no sítio de sua mãe. Porém, apesar de estar interessada nele, Amélia tem um namorado, o escrevente João Eduardo.

Antes de prosseguir, falemos um pouco sobre a educação de ambos. Toda educação de Amélia foi baseada num temor místico. O fato da mãe ser beata e costumar receber padres em casa habituou-a a conviver com eclesiásticos. Na adolescência envolveu-se com Agostinho Brito, jovem galanteador que não hesitou em abandoná-la. A educação de Amaro foi um pouco diferente. Órfão de pai, depois de mãe foi criado pela Marquesa de Alegros. Quando ela morreu deixou um pequeno legado para que ele fosse para o seminário. Antes que atingisse a idade adequada, Amaro morou algum tempo com um tio sendo muito mal tratado. No seminário conheceu seminaristas e padres sequiosos de prazer, poder e riquezas, acostumando-se à deformação moral dos colegas. Após ser ordenado, é nomeado para uma pequena vila de pastores e é transferido para Leiria por influência de uma das filhas da Marquesa.

Certo dia, ao chegar em casa Amaro flagra o cônego Dias e S. Joaneira mantendo intimidades. Pensa em denuncia-lo, mas hesita. Afinal ele mesmo está dividido entre um amor platônica e o desejo bestial de possuir Amélia.

A aproximação entre Amaro e Amélia vai crescendo progressivamente. O namorado percebe e pede para ela afastar-se do pároco. Tomado de ciúmes e tencionando vingar-se, João Eduardo faz publicar um "comunicado" apócrifo no jornal "Voz do Distrito" atacando violentamente todos os padres de Leiria, inclusive e principalmente Amaro.

Em razão das suspeitas levantadas pelo "comunicado", Amélia resolve aceitar o pedido de casamento de João Eduardo. Amaro muda-se da casa de S. Joaneira com receio do escândalo. A reação do clero ao artigo é violenta. Natário e Amaro unem-se para descobrir seu autor e deflagrar a vingança.

Apesar da separação o amor de Amaro e Amélia aumenta. Tanto que acabam tendo relações íntimas na nova residência do pároco.

Valendo-se da amizade do padre que é confessor da esposa do Dr. Godinho (dono do jornal), Natário descobre que João Eduardo é o autor do "comunicado" e informa Amaro. Ambos decidem que, a bem da moral e dos bons costumes, o escrevente deve perder a noiva e o emprego.

Amaro envolve as beatas numa rede de intrigas e desmancha o casamento. Além disso, para facilitar seu trabalho, transforma-se no confessor da garota. Natário entende-se com o Dr. Godinho e João Eduardo acaba perdendo o protetor. Irritado, embriaga-se na companhia de Gustavo (tipógrafo do jornal) e, no outro dia, agride Amaro na rua sendo preso. É libertado com a intervenção do pároco, perde o emprego e muda-se de Leiria. Floresce o amor de Amaro e Amélia.

Servindo-se de sua posição, de sua influência sobre as beatas, Amaro consegue que Amélia passe a dar lições para o filha do sineiro, a qual é paralítica. Todavia, este é apenas um subterfúgio para encontrá-la e possuí-la na cama do empregado da Sé. Durante algum tempo desfrutam os prazeres do sexo. Entretanto, com o tempo Amaro torna-se ciumento e Amélia, em razão da desconfiança e do ódio lhe devotado pela paralítica, começa a arrepender-se.

Um dia, o cônego Dias acaba descobrindo tudo através da filha do sineiro. Porém, quando vai reclamar a Amaro descobre que não pode fazer nada, pois o pároco revela que tem conhecimento do relacionamento entre ele e S. Joaneira. Assim, como se fossem genro e sogro os dois eclesiásticos fazem um pacto de ajuda mutua.

O tempo passa, os encontros continuam e Amélia engravida. Amaro resolve casá-la com João Eduardo para legitimar a criança e evitar o escândalo. Sofre com a idéia de perdê-la. Amélia aceita a solução encontrada pelo amante e jura-lhe dedicação mesmo depois do casamento. Contudo, João Eduardo não é encontrado. Teria ido para o Brasil.

Diante do impasse, servindo-se da amizade do cônego Dias, Amaro encontra outra solução. Amélia segue para o campo na companhia de D. Josefa, irmã do cônego, para dar a luz. Dias, S. Joaneira e as outras beatas vão passar uma temporada na praia.

Na quinta, D. Josefa maltrata muito Amélia. Não se conforma em ter que suportar aquela situação para chegar ao céu. As ameaças religiosas feitas pelo pároco não conseguem força-la a tratar bem a gestante.

Deprimida, Amélia é consolada pelo abade Ferrão. Acaba ficando amiga do velho pastor e transforma-o em seu confidente. Ciente de toda estória, Ferrão aconselha-a a separar-se de Amaro. Pretende fazê-la casar com João Eduardo, que retornou para Leiria antes de ir para o Brasil em razão de ter arrumado um emprego como mestre dos filhos do Morgadinho dos Poiais, um novo rico que odeia abertamente o clero.

Gouveia, o médico, também fica sabendo da estória e promete manter a discrição.

Quando o abade Ferrão acredita que Amélia está curada, a garota tem uma recaída. Não suportando o desprezo lhe devotado por Amaro, cede novamente aos seus encantos. Amam-se na quinta.

Aproxima-se o parto. Amaro hesita entre dar a criança para uma boa ama ou para uma "tecedeira de anjos" (eufemismo que designa uma assassina profissional de crianças mal nascidas). Acaba resolvendo-se pela solução definitiva quando fica sabendo que, em Leiria, comenta-se sobre o escândalo envolvendo um membro do clero.

Amélia dá a luz a um menino. A criança é entregue por Amaro à "tecedeira de anjos". No dia seguinte, Amélia passa mal, implora pelo filho e não é, nem pode ser, atendida. Piora e acaba falecendo nas mãos do Dr. Gouveia. Arrependido, Amaro segue para a casa da "tecedeira" e descobre que o garoto já virou anjo. Morrera subitamente. Apavorado, o pároco paga o enterro e resolve fugir de Leiria. Pede e obtém uma licença para visitar uma irmã doente em Lisboa.

Em fins de 1871, quando debate-se vivamente em Lisboa os fatos relacionados a Comuna de Paris, Dias reencontra Amaro e ambos tem uma palestra amena. O cônego coloca o pupilo a par das novidades de Leria e fica sabendo que Amaro está pretendendo sua nomeação para a paróquia de Vila Franca nas proximidades da capital. Ambos encontram o Conde de Ribamar (esposo da filha da Marquesa de Alegros), conversam vivamente sobre a imoralidade da ideologia socialista. Finda a obra.

Luciane

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